O espelho do semeador: estaria você pronto para a colheita da sua própria vida?
Imagine por um instante que o universo não é apenas um espaço indiferente, mas um espelho implacável. Um campo fértil que, em silêncio, recebe cada gesto seu como uma semente. E um dia — talvez hoje, talvez amanhã, talvez só no último fôlego — ele devolve a você exatamente aquilo que foi lançado. Nada a mais. Nada a menos. Nem bênção, nem castigo: apenas a justiça pura do plantio. Agora, com os olhos voltados para dentro, responda: você está pronto para colher o que plantou?
Essa pergunta não é metafórica. Ela é a lâmina que separa o autoengano da verdade. Porque todos nós estamos, de alguma forma, semeando: com palavras ditas e não ditas, com escolhas feitas e adiadas, com hábitos ocultos, pensamentos recorrentes, e intenções secretas. E embora muitos prefiram crer em um amanhã sempre indulgente, o solo da vida é honesto. Ele germina o que recebe, não o que prometemos um dia dar.
É fácil apontar para fora, dizer que a vida é dura, que as condições não foram ideais, que o outro teve sorte. Mas essa é a desculpa dos que temem encarar o espelho da própria semeadura. O líder verdadeiro — aquele que deseja sair da mediocridade — encara a verdade com coragem: se hoje a vida me devolvesse o que eu plantei, o que nasceria diante de mim? Um campo florido de integridade, presença e impacto? Ou um terreno raso, seco, cheio de sementes esquecidas, adiadas, abortadas pelo medo e pela distração?
Há também aqueles que semeiam o que parece correto aos olhos do mundo, mas fazem isso com intenções venenosas: manipulam para ganhar, sorriem para agradar, doam para receber. E esperam colher frutos doces de uma árvore que foi regada com ego. A vida devolve o que foi colocado na raiz, não na aparência.
Plantar não é só agir. É como se age. É a energia que carregamos ao acordar. É o motivo por trás do gesto. É a qualidade do silêncio com quem escutamos. É o olhar que lançamos ao estranho. É o compromisso invisível com a nossa missão, mesmo quando ninguém vê.
Você pode se perguntar: “Mas e se eu ainda estiver em processo? Se eu ainda não sou o que quero ser?” Excelente. Não se trata de perfeição. Trata-se de direção. A colheita da vida não exige que você já tenha tudo, mas que você esteja plantando com intenção, com presença, com coragem. O problema não está em estar longe do destino, mas em estar parado, disperso, ou fingindo andar.
Líderes, sonhadores, buscadores de significado: a semente não escolhe o terreno. Mas quem planta escolhe a semente. Isso quer dizer que mesmo em tempos difíceis, você ainda decide o que deixar no mundo: ressentimento ou gratidão, medo ou fé, indiferença ou compaixão. O que você planta hoje — mesmo no caos — pode se tornar uma árvore de sombra para os que virão depois de você. Ou uma erva daninha que perpetua ciclos de dor.
E na dimensão espiritual, o princípio é ainda mais implacável. O que você tem semeado no invisível? Nos seus pensamentos mais íntimos? Na sua relação com o sagrado, com o tempo, com a morte, com o sentido da vida? Há almas que colhem desespero porque semearam pressa. Outras colhem solidão porque plantaram orgulho. Outras, ainda, florescem em paz porque regaram a humildade e a entrega mesmo sob tempestades.
Mas eis o ponto mais profundo: às vezes, a colheita não vem para você. Vem por meio de você. Há sementes que você planta hoje que serão colhidas por netos que você nunca verá. Por isso, pense grande. Plante com visão. Viva com legado.
Hoje, portanto, não é apenas mais um dia. É uma lavoura aberta. Cada palavra, um grão. Cada escolha, uma enxada. Cada silêncio, uma decisão de adubar ou não. Se o amanhã vier como um espelho, que ele não encontre em você um lavrador arrependido, mas um guerreiro lúcido, que semeou com coragem, mesmo sem garantias.
Agora, olhe para dentro. Sinta o peso da verdade. E responda sem máscaras:
Se a vida te devolvesse hoje tudo o que você tem plantado — nos pensamentos, nas ações, nos afetos, nos projetos, na fé — você estaria pronto para colher?
E se a resposta for “não”, que nova semente você precisa começar a lançar hoje?
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