A Verdade depende de quem a conta: o poder das narrativas
A história da humanidade é construída por narrativas, e nem toda narrativa representa um fato. Da mesma forma, nem todo fato se transforma em uma narrativa amplamente aceita. Como diz o provérbio africano: "Enquanto o leão não aprender a escrever, a história do caçador será sempre exaltada." Isso nos lembra que aqueles que controlam a palavra também controlam a verdade.
A história, muitas vezes, é escrita pelos vencedores. Pense na Idade Média: quantos camponeses tiveram suas vozes registradas? Quase nenhum. Tudo o que sabemos vem das elites que dominavam a escrita e a cultura. O sociólogo Pierre Bourdieu já falava sobre o “capital simbólico” — a capacidade de determinados grupos de impor suas ideias como verdades universais. Isso significa que muitas versões do passado não são necessariamente falsas, mas refletem os interesses de quem teve o poder de narrá-las.
Na política e na mídia, esse fenômeno se repete diariamente. Um mesmo fato pode ser contado de diferentes maneiras, dependendo de quem tem o microfone. O que para uns é "luta pela liberdade", para outros pode ser "rebeldia e desordem". George Orwell, no livro 1984, já alertava sobre o perigo da manipulação da verdade: "Quem controla o passado controla o futuro. Quem controla o presente controla o passado." Quando uma narrativa se torna dominante, ela molda o imaginário coletivo e define o que consideramos verdade.
Na vida pessoal, também somos vítimas e autores de narrativas. Quando enfrentamos uma dificuldade, podemos nos contar a história de que somos vítimas das circunstâncias, ou a história de que somos resilientes e capazes de superar desafios. A forma como contamos nossa própria trajetória influencia diretamente nosso destino. Viktor Frankl, psiquiatra sobrevivente do Holocausto, disse que o que diferenciava aqueles que resistiam aos horrores dos campos de concentração era a capacidade de dar um sentido à própria dor. Ele escreveu em Em Busca de Sentido que "o ser humano não é movido pelo prazer, mas pelo significado que dá à sua vida."
Isso nos leva a uma reflexão essencial: estamos apenas aceitando as narrativas que nos são impostas ou estamos escrevendo nossa própria história? O leão pode nunca aprender a escrever, mas nós podemos questionar as versões prontas e construir novas formas de enxergar o mundo. Afinal, a verdade pode ter várias faces, e cabe a nós decidir quais histórias queremos contar e acreditar.
Simples assim!!
ResponderExcluirMuito bom o texto 👏👏👏
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