99 acertos, nenhum elogio. Um erro, mil condenações: o peso da crítica e a ausência de reconhecimento
Vivemos em uma sociedade onde os erros ganham holofotes enquanto os acertos desaparecem na sombra. É curioso como nossos esforços e conquistas frequentemente passam despercebidos, mas basta um deslize para que as críticas surjam ferozmente. Essa dinâmica, que muitos enfrentam no dia a dia, não apenas mina a autoestima, mas também desencoraja o crescimento pessoal e coletivo. A verdade é que, enquanto a crítica pode ser destrutiva, o elogio sincero tem um poder transformador.
Aristóteles certa vez afirmou que "a virtude está no meio". Ele se referia ao equilíbrio, mas podemos aplicar isso ao ato de reconhecer tanto os acertos quanto os erros. Infelizmente, parece que nosso foco está longe desse equilíbrio. Na prática, um empregado pode passar meses entregando resultados impecáveis, mas será lembrado apenas pelo dia em que atrasou um relatório. Uma criança que tira boas notas o ano todo pode receber reprimendas por uma única nota baixa, sem que as conquistas anteriores sejam levadas em consideração. É um ciclo tóxico que perpetua frustrações e inseguranças.
A Bíblia também nos oferece uma perspectiva interessante sobre o tema. Em Mateus 7:3-5, Jesus questiona: "Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho?" Essa passagem reflete como somos rápidos em criticar os outros, mas relutantes em reconhecer suas virtudes. O problema está na cultura de julgamento, que prioriza a punição ao invés do reconhecimento.
Um exemplo notável desse fenômeno pode ser visto nas redes sociais. Pessoas públicas, como atletas e artistas, frequentemente são alvos de julgamentos extremos. Tomemos o caso do jogador Lionel Messi, que enfrentou duras críticas em sua carreira por algumas derrotas da seleção argentina, mesmo sendo considerado um dos maiores jogadores da história. Apesar de seus inúmeros títulos e prêmios, alguns preferem lembrar de suas falhas. Isso demonstra como o foco excessivo nos erros pode distorcer a percepção da realidade.
A ausência de elogios também revela algo profundo sobre nós mesmos: nossa dificuldade em expressar gratidão e reconhecimento. Como dizia William James, psicólogo e filósofo, "o maior anseio da natureza humana é ser apreciado". Esse desejo não é sobre vaidade, mas sobre a necessidade de validar nosso esforço e existência. Reconhecer alguém por seus acertos pode ser tão simples quanto um "obrigado" ou "bom trabalho", mas os efeitos são duradouros. Estudos de psicologia mostram que o reforço positivo aumenta a motivação e promove ambientes mais harmoniosos, seja em casa, no trabalho ou em qualquer outro lugar.
Mas como mudar essa realidade? O primeiro passo é a empatia. Antes de apontar um erro, pense em quantos acertos aquela pessoa teve. Se possível, elogie antes de criticar. E, mais importante, lembre-se de que todos somos falíveis. Reconhecer o esforço, mesmo quando o resultado não é perfeito, é um ato de bondade que pode transformar relações.
Por fim, nunca subestime o poder de uma palavra de encorajamento. Afinal, o elogio não custa nada, mas vale muito. Se quisermos viver em um mundo mais justo e equilibrado, é hora de valorizar os "99 acertos" e aprender a perdoar o "um erro". Essa é a essência de uma convivência mais humana e compassiva.
Essa é a dinâmica da vida. Infelizmente!
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