Não carregue quem não quer ser curado: liberte-se do peso que não é seu


Muitas vezes, na ânsia de ajudar, acabamos carregando pessoas que não querem ser curadas. São aqueles que reclamam da vida, mas recusam mudanças; que pedem conselhos, mas ignoram as soluções; que se afogam em problemas e rejeitam qualquer boia de salvação. Se insistimos em carregá-los, corremos o risco de adoecer junto com eles.

Jesus, ao curar os enfermos, sempre perguntava: "Queres ser curado?" (João 5:6). Isso nos ensina uma lição fundamental: a cura só acontece quando há desejo genuíno de transformação. Se alguém não quer mudar, não há nada que possamos fazer, por mais amor e esforço que investirmos.

O sociólogo Zygmunt Bauman fala sobre a "modernidade líquida", onde muitos se apegam ao sofrimento porque se tornaram viciados em sua própria dor. Essas pessoas podem estar tão presas à identidade de vítima que qualquer tentativa de cura as assusta. Para elas, a dor se tornou um conforto, e a mudança, uma ameaça.

A questão é: até onde devemos nos sacrificar por alguém que não quer sair do sofrimento? Se tentamos resgatar um afogado e ele resiste, corre-se o risco de sermos puxados para o fundo junto com ele. Isso não significa falta de compaixão, mas sabedoria para entender que não podemos salvar quem não quer ser salvo.

Carregar um doente que não quer ser curado pode roubar nossa energia, drenar nosso ânimo e nos tornar reféns de uma relação tóxica. Ajudar é nobre, mas se essa ajuda vira um fardo insustentável, é hora de soltar. Isso não é abandono, é respeito pelo livre-arbítrio do outro e autopreservação.

A verdadeira ajuda não é carregar, mas mostrar o caminho e estar disponível para quem quer caminhar. Como dizia Carl Jung: "Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta." Só quem está disposto a olhar para dentro pode se curar de verdade.








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