O risco é melhor do que o arrependimento: por que não devemos temer o desconhecido


É curioso como muitas vezes a palavra "risco" nos assusta mais do que a palavra "arrependimento". No entanto, quando olhamos para trás, percebemos que os momentos que mais lamentamos não são os que falharam, mas os que nunca aconteceram. "É melhor você se arrepender do que fez do que daquilo que deixou de fazer", diz o ditado popular. O risco carrega consigo a possibilidade de fracasso, mas também a chance de vitória, aprendizado e crescimento. O arrependimento, por outro lado, é uma certeza de frustração e estagnação.

Tomemos como exemplo o filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard, que em seu livro O Desespero Humano discutia o conceito de "angústia" como uma condição existencial necessária. Para ele, é justamente o risco, o salto no desconhecido, que permite a verdadeira liberdade humana. O medo do fracasso, segundo Kierkegaard, é uma armadilha que nos prende na ilusão da segurança. Mas que segurança é essa, se ela nos impede de viver plenamente?

Na prática, isso pode ser visto naqueles que evitam sair da zona de conforto. Seja na carreira, nas relações amorosas ou em decisões diárias, o medo de arriscar nos mantém paralisados. Pense naquela oportunidade de trabalho que você deixou escapar porque tinha receio de não ser bom o suficiente. Ou naquela conversa importante que você nunca teve por medo do que o outro poderia pensar. Essas são as sementes do arrependimento, que com o tempo se transformam em uma colheita amarga de "e se...?"

O autor de autoajuda Tony Robbins também fala sobre a importância de enfrentar os riscos, afirmando que "a única coisa que nos impede de alcançar o que queremos é a história que continuamos a contar a nós mesmos". Robbins reforça que o nosso maior inimigo é a narrativa interna que diz que não somos capazes, que o fracasso é certo. No entanto, quando desafiamos essa história, abrimos caminho para novas possibilidades.

A Bíblia também toca nesse ponto quando fala sobre a parábola dos talentos (Mateus 25:14-30). Nessa história, o servo que escondeu seu talento por medo de perder foi repreendido, enquanto os que investiram e arriscaram foram recompensados. Esse ensinamento nos mostra que a inércia, o medo de agir, é o verdadeiro desperdício. O risco, por outro lado, quando bem administrado, pode ser um caminho para o crescimento e para o sucesso.

Claro, arriscar não significa agir de maneira impulsiva ou sem planejamento. O risco deve ser consciente e calculado, mas nunca evitado por completo. Até porque, o verdadeiro fracasso não está em tentar e falhar, mas em nunca tentar. "Nosso maior medo não é o de falharmos, mas de termos sucesso além do que imaginamos", disse Marianne Williamson em seu famoso discurso sobre o medo. E essa verdade ecoa nas decisões diárias que evitamos por receio de não estarmos prontos.

Quando olhamos para os grandes líderes e inovadores da história, notamos que todos, em algum momento, abraçaram o risco. Thomas Edison falhou centenas de vezes antes de inventar a lâmpada. Steve Jobs foi demitido da própria empresa antes de voltar triunfante. E esses são apenas alguns exemplos de como o risco não é o oposto do sucesso, mas uma parte essencial dele.

No fim das contas, é melhor fracassar em algo grandioso do que se arrepender de nunca ter tentado. O arrependimento carrega consigo um peso que nunca se dissipa completamente. Já o fracasso, quando ocorre, traz consigo lições valiosas e, na maioria das vezes, oportunidades de tentar novamente. Como disse o poeta T.S. Eliot: "Somente aqueles que se arriscam a ir longe demais podem descobrir o quão longe podem ir".

Arrisque-se, pois o risco nos leva à ação, enquanto o arrependimento nos aprisiona no passado.

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