O homem sem propósito se perde no prazer: uma reflexão sobre a busca de sentido
Quando o homem não encontra um propósito claro em sua vida, ele tende a buscar distrações momentâneas, muitas vezes nos prazeres que o mundo oferece. Esse ciclo de indulgências pode parecer satisfatório à primeira vista, mas, a longo prazo, revela-se vazio. O filósofo Viktor Frankl, em seu clássico "Em Busca de Sentido", observou que o sofrimento da vida só se torna suportável quando se tem um propósito, e, sem esse propósito, até os prazeres se tornam um paliativo sem profundidade. Frankl acreditava que a ausência de sentido era o principal motivo para o vazio existencial e, ao invés de confrontar essa questão, muitos acabam se entregando a distrações efêmeras.
A Bíblia também faz uma reflexão similar sobre isso. Em Eclesiastes 2:1, o Rei Salomão, famoso por sua sabedoria, diz: "Eu disse a mim mesmo: Vamos! Eu te farei experimentar o prazer. Descubra o que é bom. Mas isso também se revelou inútil." Aqui, Salomão descreve o fútil ciclo de buscar o prazer sem um objetivo maior, concluindo que tudo é vaidade, ou seja, vazio de significado. A busca por prazer como substituto de um propósito nos leva a um beco sem saída emocional e espiritual.
A relação entre a falta de propósito e a busca desenfreada pelo prazer pode ser comparada ao comportamento de uma pessoa que sente fome, mas ao invés de buscar uma refeição nutritiva, alimenta-se de doces. No momento, ela se sente satisfeita, mas essa sensação logo desaparece, dando lugar a mais fome, mais insatisfação. Esse ciclo se perpetua até que o indivíduo reconheça que é necessário buscar algo mais substancial. Da mesma forma, sem uma direção clara na vida, buscamos os prazeres superficiais que, com o tempo, só nos deixam ainda mais vazios.
Nietzsche afirmou que “quem tem um porquê para viver pode suportar quase qualquer como”. A ausência desse “porquê” leva as pessoas a tentarem preencher o vazio com o “como”, ou seja, com prazeres imediatos, superficiais. A ironia é que esses prazeres, ao invés de fornecerem satisfação duradoura, criam uma armadilha: quanto mais os buscamos, menos completos nos sentimos. O que Nietzsche, Frankl e até Salomão identificam em comum é que o propósito, esse “porquê”, nos fortalece diante das dificuldades e dá sentido até mesmo aos momentos mais simples.
No mundo atual, onde as distrações estão em todos os cantos – redes sociais, consumo desenfreado, entretenimento 24 horas – é ainda mais fácil nos perdermos nesses prazeres. As recompensas imediatas podem nos dar a ilusão de realização, mas são exatamente isso: ilusões. Ao final de uma maratona de filmes ou após uma noite de festas, muitas vezes nos sentimos mais vazios do que antes. A curto prazo, os prazeres preenchem, mas eles nunca foram desenhados para sustentar a alma humana.
O que, então, pode nos sustentar? Propósito. Algo que transcende a satisfação do momento e nos conecta com algo maior do que nós mesmos. Pode ser uma missão pessoal, um compromisso espiritual, o desejo de ajudar os outros ou o simples objetivo de se tornar uma versão melhor de si mesmo a cada dia. Jesus Cristo, no Sermão da Montanha, destacou isso de maneira sublime ao dizer: "Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados" (Mateus 5:6). A verdadeira saciedade não vem dos prazeres, mas de uma vida vivida com propósito, alinhada a valores e princípios maiores.
Portanto, o homem que se distrai apenas com o prazer está condenado a uma busca infinita por algo que nunca o satisfará por completo. Ele precisa encontrar, antes de mais nada, um motivo, um propósito, que possa dar sentido às suas ações. Quando isso acontece, os prazeres ganham um novo significado: não são mais o centro de sua existência, mas pequenas recompensas ao longo do caminho para algo muito maior e mais gratificante.
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