Cuidado com quem você compartilha seus problemas: nem todos merecem saber
Já ouviu a frase: "Dependendo da pessoa, se você contar um problema, você terá dois"? Ela revela uma sabedoria prática que muitos descobrem da maneira mais difícil. A confiança é uma virtude preciosa, mas também exige discrição. Não é qualquer pessoa que merece o peso dos nossos desafios. A ideia de contar algo pessoal pode parecer um alívio, mas nem todos têm a empatia ou a capacidade de lidar com essas informações de forma útil.
Algumas pessoas, ao ouvirem seus problemas, podem distorcer, julgar ou, pior, amplificar a situação. Se você já teve a experiência de contar algo importante para alguém e, de repente, se viu envolvido em um drama maior, sabe exatamente do que estou falando. Isso ocorre porque, muitas vezes, as pessoas projetam suas próprias inseguranças, medos ou interesses sobre aquilo que você compartilhou.
O filósofo francês Jean-Paul Sartre afirmava que "o inferno são os outros", referindo-se ao impacto que as percepções alheias podem ter sobre a nossa própria realidade. Ao compartilhar um problema, especialmente com quem não tem o discernimento emocional, você pode encontrar mais obstáculos do que soluções. Aquele amigo que você achou que iria ajudar, de repente, começa a dar opiniões equivocadas, espalhar sua situação ou te aconselhar com base em seus próprios medos e limitações.
A Bíblia também nos traz um ensinamento profundo sobre isso. Em Provérbios 13:3, está escrito: “Aquele que guarda a sua boca conserva a sua vida, mas o que muito abre os lábios traz sobre si a ruína”. Essa passagem bíblica nos alerta para a importância de ser seletivo com as palavras e os ouvidos que escolhemos confiar. Saber quando falar e para quem falar é essencial.
A questão é: como discernir quem merece ouvir nossos problemas? Há pessoas que são verdadeiras fontes de apoio, que ouvem sem julgar, aconselham com empatia e, acima de tudo, guardam o que ouvem com cuidado. Mas também há aquelas que, intencionalmente ou não, espalham ou distorcem o que você confia a elas. O sociólogo Zygmunt Bauman, em suas reflexões sobre as relações líquidas da modernidade, ressaltou que, em um mundo onde os vínculos são superficiais, as conexões humanas se tornam fugazes e, por isso, o cuidado com quem confiamos deve ser redobrado. As pessoas muitas vezes estão mais preocupadas em parecer empáticas do que em realmente serem.
Isso não significa que você deve sufocar suas emoções ou lidar sozinho com todos os problemas. Ter alguém para conversar é essencial, mas o que precisamos desenvolver é a sabedoria para escolher com quem falar. Isso exige observação, paciência e, às vezes, silêncio. Quando você compartilha um problema com a pessoa certa, o fardo pode ser dividido. Porém, quando a escolha é errada, o fardo pode duplicar.
Seja cuidadoso ao abrir o coração. O filósofo Sêneca já dizia: "A amizade é sempre proveitosa; o amor, às vezes; o inimigo, nunca." Na dúvida, escolha o silêncio reflexivo ou converse com quem tem um histórico de sabedoria e discrição. Assim, você protegerá sua paz e evitará que um problema vire dois.
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É isto mesmo, Adenauer!
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