A Justiça não socorre quem dorme: o valor da ação e da vigilância
A expressão “a justiça não socorre quem dorme” nos lembra que a passividade é inimiga do progresso e da justiça. Quem espera que as coisas se resolvam por si só, sem agir ou lutar por seus direitos, corre o risco de perder oportunidades e ser deixado para trás. A justiça, nesse contexto, não é apenas um conceito jurídico, mas um princípio moral que premia o esforço, a proatividade e a vigilância.
Na Bíblia, encontramos exemplos claros da importância da ação. Em Provérbios 6:9-11, somos advertidos: "Até quando você vai ficar deitado, preguiçoso? Quando se levantará do seu sono? Um pouco de sono, um pouco de cochilo, um pouco de descanso com os braços cruzados, e a sua pobreza o surpreenderá como um assaltante, e a sua necessidade, como um homem armado". Este texto nos alerta para o perigo da inércia. Não é suficiente apenas desejar algo ou esperar que a justiça divina ou humana aja em nosso favor sem que nós próprios façamos a nossa parte.
A mesma ideia aparece na filosofia. Aristóteles, por exemplo, acreditava que a virtude é uma prática constante. No livro Ética a Nicômaco, ele argumenta que a justiça e outras virtudes só podem ser alcançadas por meio da ação deliberada e repetida. Para ele, ser justo não é um estado passivo; exige esforço contínuo. Aristóteles dizia que a justiça não era apenas uma questão de leis, mas de caráter. Somente quem age em conformidade com as virtudes pode se considerar uma pessoa verdadeiramente justa.
Do ponto de vista jurídico, a frase nos remete ao princípio da inércia processual, onde a pessoa que não toma as providências necessárias no tempo correto perde o direito de reivindicar a justiça. No Direito Civil brasileiro, por exemplo, existe a figura da prescrição, que é a perda do direito de ação pela inércia de seu titular durante um determinado prazo. Ou seja, se alguém não age, o direito se perde. Isso reforça a ideia de que, na vida e na justiça, o tempo não espera por ninguém, e a procrastinação pode ter um custo alto.
O sociólogo Max Weber, em sua obra A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, ressalta o impacto do trabalho diligente e da proatividade no sucesso pessoal e social. Segundo Weber, a ética do trabalho e a disciplina são pilares que não apenas trazem prosperidade, mas também moldam o caráter e promovem uma vida justa. O progresso, para Weber, não surge da espera, mas da ação constante e da dedicação. Aqueles que "dormem" enquanto o mundo avança, acabam por perder as oportunidades que poderiam ter aproveitado se estivessem vigilantes.
No dia a dia, a justiça também é um reflexo da nossa disposição em enfrentar desafios. Pense em situações cotidianas, como a busca por uma promoção no trabalho ou a defesa de um direito em uma relação pessoal. Quem se acomoda, esperando que as coisas se resolvam sozinhas, muitas vezes não alcança o que deseja. Mas quem age, busca e se prepara, tem maiores chances de obter o resultado justo. Martin Luther King Jr. certa vez afirmou: "A justiça que se atrasa, é justiça negada". Essa frase sublinha a importância de não apenas lutar por nossos direitos, mas de fazê-lo no tempo certo, antes que seja tarde demais.
Portanto, seja na vida espiritual, moral ou prática, a mensagem é clara: a justiça favorece aqueles que estão atentos e dispostos a agir. Esperar passivamente é perder a oportunidade de ser justo consigo mesmo e com os outros. A vigilância e a ação são virtudes que moldam o nosso destino e nos colocam no caminho da verdadeira justiça. A pessoa que dorme enquanto o mundo exige movimento acaba por perder as melhores oportunidades que a vida oferece. Assim, cabe a cada um de nós estar desperto, vigilante e pronto para agir, porque a justiça não socorre quem dorme.
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