Não vale a pena discutir com quem renunciou à lógica e à razão
Thomas Paine, em sua observação perspicaz, "Discutir com uma pessoa que renunciou à lógica é como dar um remédio a um homem morto", nos oferece uma metáfora poderosa sobre os limites do diálogo quando a lógica é abandonada. Essa frase, originária de seus escritos revolucionários do século XVIII, permanece incrivelmente relevante no mundo contemporâneo, onde debates acalorados frequentemente se desdobram em arenas de emoções desenfreadas, em vez de raciocínio claro.
A lógica é a estrutura que sustenta um diálogo saudável. Aristóteles, o pai da lógica, sustentava que a razão é o que distingue a humanidade e nos capacita a viver de acordo com a virtude. Quando alguém "renuncia à lógica", escolhe, na verdade, abandonar esse traço fundamental da humanidade. Nesse sentido, o ato de discutir com alguém que recusa a lógica torna-se um esforço infrutífero — um investimento de energia mental que não produz frutos. É como tentar iluminar um quarto com uma lâmpada que nunca foi conectada. Sem a base comum da razão, os argumentos se dissipam no vazio, tal como uma tentativa inútil de curar um morto com remédios.
O filósofo francês Voltaire, contemporâneo de Paine, afirmou que "o sentido comum não é tão comum". A verdade dessa frase ressoa ainda mais quando consideramos o contexto de nossas interações diárias. Nos debates online, em conversas familiares sobre política ou em discussões sobre temas sensíveis, muitas vezes encontramos resistência não a partir de pontos de vista diferentes baseados em evidências, mas de posições enraizadas em emoções e preconceitos. Neste ponto, as palavras de Paine ecoam como um lembrete de que nem todas as batalhas verbais valem a pena ser travadas.
A Bíblia também oferece uma perspectiva semelhante. Em Provérbios 26:4, lemos: "Não respondas ao tolo segundo a sua estultícia, para que também não te tornes semelhante a ele." Esse versículo sugere que, ao engajarmos um tolo em seu próprio nível, corremos o risco de descer ao seu nível de irracionalidade. Da mesma forma, a citação de Paine nos aconselha a sermos seletivos em nossas disputas; há momentos em que o silêncio, ou a retirada, é a resposta mais sábia.
Um exemplo prático pode ser visto nas discussões sobre teorias da conspiração. Muitas vezes, tentar convencer um conspiracionista inveterado com fatos e lógica é como tentar preencher um balde sem fundo. Sua mentalidade fechada e predisposição emocional os torna impermeáveis à razão. A discussão se transforma em uma batalha desgastante e improdutiva. Nesse ponto, compreender a limitação de um debate racional com tal pessoa não é um ato de fraqueza, mas de sabedoria.
Outro filósofo, Immanuel Kant, também reconheceu que a razão tem seus limites, mas ao mesmo tempo, destacou a importância do "esclarecimento", um termo que ele usou para se referir à capacidade de sair da "imaturidade autoimposta" através do uso da razão (Kant, *Resposta à Pergunta: O que é Esclarecimento?*). Quando nos deparamos com alguém que se recusa a sair dessa "imaturidade", a citação de Paine serve como um lembrete para reservarmos nosso tempo e energia para discussões mais frutíferas e produtivas.
Portanto, a reflexão de Paine nos ensina a importância de reconhecer quando o debate se tornou infrutífero. Em vez de nos exaurirmos tentando remediar a irracionalidade com lógica, é mais sábio investir nossas habilidades de argumentação em conversas onde a razão é valorizada. Afinal, é através do diálogo racional e aberto que podemos crescer, mudar e influenciar positivamente aqueles ao nosso redor.
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